Mino

Após um ano inteiro sem contato, enfim uma visita ao meu irmão mais velho e sua família, que na época moravam em outro estado aqui do sudeste brasileiro. 

Viagem de ônibus, quase oito horas de estrada. Chego ao portão.

— Ô de casa!

Uma criaturinha marrom, minúscula, de pernas finas e de movimentos ágeis corre na minha direção, latindo e pulando freneticamente, num misto de alegria e zanga. Na dúvida de não ser alegria, fiquei esperando que meu irmão viesse segurar a fera. Pode ser do tamanho de um rato, mas ainda assim tem dentes, muitos dentes por sinal.


Meu sobrinho, outra criaturinha miúda, extremamente ativa, alegre e de olhos enormes vem também até o portão, saltitando e correndo, deixando o cãozinho mais alvoroçado do que sua estrutura parece aguentar.

Depois dos beijos e abraços rituais em situações como essa, puxo conversa com o pequeno sobre o seu amiguinho, que a essa altura parou de se tremer e lambia uma das patas com interesse:

— Ah, que gracinha! Tem nome?

— Tem! Eu queria um grande, grande. Mas meu pai disse que eu tinha que cuidar dele, dar banho e pegar no colo. Então não podia ser grande, grande. 

Ressalto aqui que estava me divertindo com o fato dele ser tão objetivo na resposta, pois que eu não perguntei qual era o nome e sim se tinha um. Então a conversa segue: 

— E é menino ou menina? 

Tela azul por uns segundos... Ele me olha com a cara mais espantada da vida, põe as mãozinhas na cintura, e diz com toda a autoridade que seus 5 anos de idade lhe permitem: 

— Não, tia. É cachorro! 

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