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Mostrando postagens de dezembro, 2011

Diálogo da relativa grandeza

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(...)  Doril não disse mais nada, qualquer coisa que ele dissesse ela aproveitaria para outra acusação. Era difícil tapar a boca de Diana, ô menina renitente. Ele preferiu continuar olhando o louva-a-deus. Soprou-o de leve, ele encolheu-se e vergo o corpo para o lado do sopro, como faz uma pessoa na ventania. O louva-a-deus estava no meio de uma tempestade de vento, dessas que derrubam árvores e arrancam telhados e podem até levantar uma pessoa do chão. Doril era a força que mandava a tempestade e que podia pará-la quando quisesse. Então ele era Deus? Será que as nossas tempestades também são brincadeiras? Será que quem manda elas olha para nós como Doril estava olhando para o louva-a-deus? Será que somos pequenos para ele como um gafanhoto é pequeno para nós, ou menores ainda? De que tamanho, comparando – do de formiga? De piolho de galinha? Qual será o nosso tamanho mesmo, verdadeiro?  Doril pensou, comparando as coisas em volta. Seria engraçado se as pessoas fossem cri

Apaixonar-se

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Sabem o que o dicionário diz a respeito da paixão? De curiosidade fui lá ver. Dentre as definições, estava:  "Perturbação ou movimento desordenado do ânimo." Concordei instantaneamente. Sem discussão. É isso e pronto. Para comprovar, é  só fazer as contas de quanto tempo acumulamos sentindo falta da outra pessoa, quantas vezes queremos ver, ouvir e senti-la; calcular as probabilidades de agradá-la, estar sozinho passa a ser menos interessante, menos praticável.  Ah, mas então podem dizer: não, esses cálculos não se aplicam à paixão, é sobre amor. Certo, certo. Mudou de nome o assunto. Voltemos ao dicionário:  "Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atração." Pronto! Agora sim, não dá mais para se ter certeza de nada. É amor ou paixão isso aí que você está sentindo? Só resta nos resignar à inexplicável capacidade de sentir e não dizer, apesar de quase todo mundo só acreditar que a

Última palavra

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Deixe-me ver seu sorriso, Depois de anos separados. Quero de volta aquela vida E ter de novo seus cuidados. Deixe-me ver seus olhos, De cores verdes misturado com azul, Que envolve meu coração E traz de volta antiga emoção. (...) Agora lhe peço: Deixe-me vê-la por inteiro; Te ver caminhar, Sorrir e cantar, Sonhar e dormir. Está chegando minha hora, Pouco tempo me resta, Fique ao meu lado, Cante para mim, Sorria para mim, E nesse último suspiro te digo: Adeus... Este é meu fim... (Ensaio para a primeira tentativa de escrever um poema de Bella, amiga e colaboradora.)

Trecho de O conto da ilha desconhecida

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(...)  Não valia a pena ter-se preocupado tanto. O sol havia acabado de sumir-se no oceano quando o homem que tinha um barco surgiu no extremo do cais. Trazia um embrulho na mão, porém vinha sozinho e cabisbaixo. A mulher da limpeza foi esperá-lo à prancha, mas antes que ela abrisse a boca para se inteirar de como lhe tinha corrido o resto do dia, ele disse, Está descansada, trago aqui comida para os dois, E os marinheiros, perguntou ela, Não veio nenhum, como podes ver, Mas deixaste-os apalavrados, ao menos, tornou ela a perguntar, Disseram-me que já não há ilhas desconhecidas, e que, mesmo que as houvesse, não iriam eles tirar-se do sossego dos seus lares e da boa vida dos barcos de carreira para se meterem em aventuras oceânicas, à procura de um impossível, como se ainda estivéssemos no tempo do mar tenebroso, E tu, que lhes respondeste, Que o mar é sempre tenebroso, E não lhes falaste da ilha desconhecida, Como poderia falar-lhes eu duma ilha desconhecida, se não a conhe