Alameda

As estradas do Chile por onde passamos não são bem o que podemos chamar de comuns. Escolhemos uma rota alternativa, que nos desse a visão litorânea. Para isso, tivemos que nos colocar em pequenos trechos não muito apropriados para um carro de cidade.

Esses incertos "desatalhos" nos proporcionaram várias sensações, entre elas, medo, pois passávamos longos trechos sozinhos no meio do nada, sem ter como nos comunicar com a civilização; também nos deram muitas paisagens belíssimas, e outros tantos momentos de pura descontração.

Mas antes de contar a parte dos caminhos alternativos, devemos dizer como chegamos a ter, por contrato temporário, nosso pequeno e bem usado Toyota.


O aluguel:

Chegamos à locadora. Os funcionários estavam todos eles resumidos a apenas quatro. Um negócio pequeno, de família, percebia-se. O primeiro choque foi ter que assinar um cheque em branco como garantia, caso a gente destruísse o carro, o que não seria muito difícil, visto as condições da máquina, mas já chego nesse ponto. O segundo choque foi saber que por lá se aluga o carro com o tanque vazio. É, isso mesmo! Todos sabemos que com tanque vazio, a única maneira de tirarmos um negócio desses do lugar seria empurrando. Mas a partir do momento em que você assina o contrato, esse problema passa a ser seu. "A Alameda não se responsabiliza por suas inaptidões de raciocínio. Dá seu jeito!"

Por sorte, ou não, há um posto de combustível do ladinho da locadora, o posto do Augustin (falei dele em outra conversa aqui). Então, tivemos de arrastar o carro até lá e prover meios para que ele andasse com as próprias rodas.

O estado do veículo:

Era um carro prata, ou foi assim um dia, nos tempos áureos de sua juventude. Alguns arranhões e amassadinhos. Por dentro, nada muito caprichado, no máximo passaram uma vassoura no tapete. A limpeza não era muito valorizada.

Depois que entramos, ajustamos os retrovisores e os bancos, giramos a chave e percebemos, pelo ruído, que algo estava solto no painel. Não soubemos bem em que local, mas certamente descobriríamos.

Estávamos indo muito bem pela rota oficial, sinalizada, em condições perfeitas de uso e desuso, até que começamos a arriscar caminhos menos povoados, criando nossa própria maneira de ver o que nos desse vontade. Fechávamos os olhos e apontávamos no mapa: "Esse lugar parece bonito." E lá íamos nós!

Os caminhos:

Esses eram, na maioria das vezes, de terra, estreitos, com muitos buracos e com um dos lados em grande precipício; em outros, a subida era tão íngreme que duvidávamos que conseguiríamos passar. Mas passamos. E esses foram os melhores cenários de nossas melhores fotos


No fim da viagem, ficamos satisfeitos com a escolha do carro. Ele aguentou mais do que imaginávamos. Está certo que, subindo a trilha para chegar ao vulcão Villarica, ele começou a desmontar. Enfim descobrimos o que estava solto, pois caiu no nosso colo. A cena em que tentávamos dirigir e segurar o painel foi motivo de várias horas de risadas. Pena que faltou mão para tirar uma foto disso! 

Voltando para devolver o carro, nova aventura. Apesar de o dono nos garantir que a loja abriria no domingo, não foi o que encontramos. Tivemos de levar o carro conosco para o hotel. O contrato estava terminado e agora o problema não era mais nosso. Deixamos então ele por lá e alguém da Alameda deve ter ido encontrá-lo. Pelo menos supomos que sim.

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Comentários

  1. Querida Nina
    Amei participar um pouco dessa viagem ao Chile, na proxima mais vale escolherem um carro melhorzinho, apesar da aventura que foi. Tbm foi perigoso, pensou se dá problema os deixa no meio do nada??
    Mas ainda bem que correu tudo bem... Achei poucas fotos, pode enviar para meu email qdo tiver um tempinho, amooo fotos!! Bjo grande para vcs!! flora39_sp@hotmail.com

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  2. Olá Lila! Desculpe a demora em responder. Sim, foi perigoso. Não aconselhamos que ninguém faça isso. Nós mesmo não arriscaremos assim de novo. Vou mandar mais algumas fotos para o seu e-mail.
    Obrigada!
    Beijos

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