Iguais e semelhantes


Um amigo me disse certa vez que o seu relacionamento conjugal era baseado em lealdade e não em fidelidade, pois para ele eram coisas diferentes. Mas é claro que são diferentes, mesmo que na prova de português você tenha que dizer que são semelhantes. Não existem palavras sinônimas que expressem a mesma coisa.

Casos como esse fazem da Gramática Normativa a coisa mais mal falada durante nosso processo de aprendizagem, e depois dele também. Quanta ruindade naquelas regrinhas de acentuação! E a separação silábica? É um veneno. A malvadeza se espalha por todos os verbos e locuções! É um tormento só de olhar!

Mas, em vez de propormos uma trégua, a gente briga. E reclama. Cadê o tal sinônimo perfeito? Está escrito aqui que tem que ser palavra com o mesmo significado. E agora? Estar triste sem estar infeliz já derruba qualquer gracinha da Semântica. E ser agradável em qualquer caso, seja reto ou oblíquo, não é de forma alguma ser simpático.

Tentamos nos expressar da melhor forma que conhecemos. E, ao contrário do que muita gente pode pensar, a Gramática Normativa não dificulta esse mecanismo. Temos que conhecê-la para saber como nos orientar. O importante é unir eficácia com o mínimo de boa linguagem. Se tiver como colocar um pouco de estilo, melhor ainda. Sem briga.

Está certo, nem por isso fica menos difícil. Os relacionamentos afetivos também não. O meu amigo pode confirmar. Só porque as cobranças e os conflitos mudam de função sintática, não quer dizer que alguém se sairá melhor nessa aventura. No fim, cabe apenas a nós simplificarmos o que nos complica. E a Gramática fica aqui para nos dar assunto. Já em relação à vida, o que conta mesmo é a busca de um significado único, invariável e totalmente conjugável: a Felicidade. Vê só se essa tem sinônimo que se compare! 

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